Para contribuir com a orientação dos médicos sobre os principais sintomas da dengue, zika vírus e febre chicungunya, a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás encaminhou ao Cremego cópia do artigo do médico Renato Grinbaum, que cita características, diferenças e semelhanças das doenças. Confira:
É fácil diagnosticar a infecção pelo Zika vírus?
Artigos médicos comentados por Renato Grinbaum
Após as notícias sobre a relação entre a infecção pelo Zika vírus e o desenvolvimento de microcefalia, a pergunta é: estamos preparados para fazer o diagnóstico.
Aqui vão as características que diferenciam as três doenças transmitidas pelo Aedes aegypti:
Dengue
O quadro clínico é muito variável. A primeira manifestação é a febre alta (39° a 40°), de início abrupto, seguida de cefaléia, mialgia, prostração, artralgia, anorexia, astenia, dor retroorbital, náuseas, vômitos, exantema e prurido cutâneo. Hepatomegalia dolorosa pode ocorrer, ocasionalmente, desde o aparecimento da febre. Alguns aspectos clínicos dependem, com freqüência, da idade do paciente. A dor abdominal generalizada pode ocorrer, principalmente nas crianças. Os adultos podem apresentar pequenas manifestações hemorrágicas, como petéquias, epistaxe, gengivorragia, sangramento gastrointestinal, hematúria e metrorragia. A doença tem uma duração de 5 a 7 dias. Com o desaparecimento da febre, há regressão dos sinais e sintomas, podendo ainda persistir a fadiga. Existe também o quadro da dengue grave, incluindo a forma hemorrágica. (Adaptado da segunda referência).
Chikungunya
A fase aguda ou febril da doença é caracterizada principalmente por febre de início súbito e surgimento de intensa poliartralgia, geralmente acompanhada de dores nas costas, cefaleia e fadiga, com duração média de sete dias. A febre pode ser contínua, intermitente, ou bifásica; porém a queda de temperatura não é associada à piora dos sintomas como na dengue. Ocasionalmente, pode ser associada a uma bradicardia relativa. A poliartralgia tem sido descrita em mais de 90% dos pacientes com chikungunya na fase aguda. A dor articular normalmente é poliarticular, simétrica, mas pode haver assimetria. Acomete grandes e pequenas articulações e abrange com maior frequência as regiões mais distais. Pode haver edema, e este, quando presente, normalmente está associado à tenossinovite. Na fase aguda também tem sido observado dor ligamentar. A mialgia quando presente é, em geral, de leve a moderada intensidade. O exantema normalmente é macular ou maculopapular, acomete cerca de metade dos doentes e surge normalmente do segundo ao quinto dia após o início da febre. Atinge principalmente o tronco e as extremidades (incluindo palmas e plantas), podendo atingir a face. O prurido está presente em 25% dos pacientes e pode ser generalizado ou apenas localizado na região palmo-plantar. Outras manifestações cutâneas também têm sido relatadas nesta fase: dermatite esfoliativa, lesões vesicobolhosas, hiperpigmentação, fotossensibilidade, lesões simulando eritema nodoso e úlceras orais.
Na fase subaguda, a febre normalmente desaparece, podendo haver persistência ou agravamento da artralgia, incluindo poliartrite distal, exacerbação da dor articular nas regiões previamente acometidas na primeira fase e tenossinovite hipertrófica subaguda em punhos e tornozelos. O comprometimento articular costuma ser acompanhado por edema de intensidade variável. Há relatos de recorrência da febre. Podem estar presentes também nesta fase astenia, prurido generalizado e exantema maculopapular, além do surgimento de lesões purpúricas, vesiculares e bolhosas. Alguns pacientes podem desenvolver doença vascular periférica, fadiga e sintomas depressivos. Se os sintomas persistirem por mais de três meses, após o início da doença, estará instalada a fase crônica. (Adaptado da terceira referência).
Zika
A doença tem quadro inespecífico e de difícil diferenciação. Ela se inicia com um episódio febril de início agudo, acompanhado de cefaleia discreta, surgimento de exantema maculopapular pruriginoso, no segundo dia, acometendo a face, o tronco, os membros, as palmas das mãos e as plantas dos pés. São relatadas mialgia, dores articulares e dor lombar discreta, mas diferentemente dos casos de chikungunya, as dores são menos intensas e acometem mais as mãos, joelhos e tornozelos. Geralmente o seu desaparecimento ocorre cerca de uma semana, com duração média de três a cinco dias. A conjuntivite tem sido frequentemente relatada e, caracteristicamente, não apresenta secreção purulenta. Podem ocorrer outras manifestações inespecíficas como anorexia, náuseas, vômitos, vertigem e dor retro orbital.(Descrição adaptada da primeira referência). Sorologia de rotina será implementada na primeira metade de 2016.
Referências recomendadas
- Vitor Laerte PINTO JUNIOR, Kleber LUZ, Ricardo PARREIRA, Paulo FERRINHO – Vírus Zika: Revisão para Clínicos. Acta Med Port 2015 Nov-Dec;28(6):760-765
- Dengue – Aspectos Epidemiológicos, Diagnóstico e Tratamento. Ministério da Saúde
- Febre de Chikungunya – manejo clínico. Ministério da Saúde