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Conselheiro do Cremego, Luiz Humberto Garcia de Souza, fala sobre o aumento da procura por cirurgias plástica. Confira a reportagem publicada no jornal O Popular em 03/08/14.

 

Cirurgia plástica

 

Corrida pelo corpo perfeito

 

Goiânia é a terceira capital do País em concentração de especialistas na área, segundo a entidade de classe

Gabriela Lima

LUIZ HUMBERTO O POPULAR 03 08 14

Em busca da beleza ideal, cada vez mais, as brasileiras deixam de lado o medo de enfrentar um centro cirúrgico e se submetem a procedimentos para esculpir o corpo e o rosto. Relatório divulgado pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (Isaps) mostrou que o Brasil passou, pela primeira vez, os Estados Unidos em números de cirurgias plásticas, ocupando o topo do ranking mundial. O estudo não aponta dados regionais, mas a alta concentração de especialistas mostra que Goiânia contribui para engrossar este índice. Apesar de ser a 12ª capital mais populosa do País, ocupa o 3º lugar em quantidade de cirurgiões plásticos por número de habitantes.

Com 1.393.579 habitantes, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2013, e 149 especialistas em cirurgia plástica, de acordo com dados do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego), Goiânia tem 1 cirurgião para 9.352 habitantes. A capital de Goiás só fica atrás de Porto Alegre (RS), com 1 especialista para 5.733 habitantes, e Belo Horizonte (MG), com 1 para 8.729.

HOSPITAIS

Outro fator que coloca a grande procura por cirurgias plásticas em Goiânia é o aparecimento dos hospitais especializados nesse tipo de procedimento. Autoridade no assunto no Estado, o conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) e regente do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (UFG) diz que não há um levantamento sobre a quantidade desses hospitais. Sabe-se apenas que eles estão aumentando e acabaram virando referência para um turismo médico. “Recebemos pacientes até dos Estados Unidos e da Europa.”

Em todo o Estado, há 197 cirurgiões plásticos registrados no Cremego. Se comparado às demais especialidades cirúrgicas, o número só fica atrás da cirurgia geral, líder absoluta com 739 especialistas (veja quadro na página 4).

A demanda em Goiânia fez a jovem Jéssica Lorrana Rodrigues, de 22 anos, enxergar na cirurgia plástica a chance de transformar uma paixão em um negócio rentável. Após realizar seis intervenções no corpo e no rosto, a empresária percebeu a importância dos cuidados pós-cirúrgicos como massagens e drenagens linfáticas. “Fazer tratamentos estéticos para manter o corpo virou um hábito. Eu gostava tanto que decidi fazer um curso de esteticista”, relata.

Pouco tempo depois de começar a trabalhar em uma clínica de cirurgia plástica, tornou-se sócia de uma franquia de estética médica e entrou para a faculdade de enfermagem para “agregar valor” ao serviço prestado.

O primeiro contato de Jéssica com o universo da estética médica aconteceu aos 16 anos, quando fez, pela primeira vez, um implante mamário, colocando uma prótese de 275 mililitros (ml) de silicone.

Jéssica achou o tamanho da prótese pequeno para seu 1,78 metro de altura e, ao completar 17 anos, voltou ao centro cirúrgico. Realizou, três plásticas. Além de trocar a prótese por uma de 350 ml, se submeteu a uma rinoplastia (no nariz) e uma lipoescultura. “Trabalhava como modelo e quis melhorar as medidas.”

O maior desejo de Jéssica era se tornar Miss Goiás. Para entrar nas medidas do concurso, aos 18 anos, fez uma nova lipoescultura. Não venceu o concurso, mas encontrou nos procedimentos cirúrgicos um aliado para realçar a beleza e ficar mais feliz com a autoimagem e, aos 19 anos, passou por uma bioplastia no rosto, remodelando a mandíbula e o contorno da bochecha.

Hoje, a empresária se diz satisfeita com os resultados. Afirma que tem vontade de aumentar a prótese novamente e fazer outra lipo, mas só vai enfrentar novas cirurgias depois que tiver filhos.

 

Cirurgia plástica

 

Cinco motivos explicam ranking

 

Para médico, avanço está relacionado à economia, cultura brasileira e segurança

Cirurgia plástica

O fato de o Brasil ter assumido a liderança mundial na realização de cirurgias plásticas, ultrapassando os Estados Unidos, é intrigante pelo fato do nosso País enfrentar graves problemas na prestação de serviços de saúde. A massificação destes procedimentos também chama a atenção em Goiás pelo fato de o Estado ter enfrentado o desastroso caso Marcelo Caron, condenado pela morte de três pacientes por complicações após procedimentos de lipoaspiração e que responde a 29 processos na Justiça por diversos crimes como lesão corporal.

Para o especialista Luiz Humberto Garcia, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego), casos como o do ex-médico Denísio Marcelo Caron é coisa do passado. Atualmente, tanto os médicos quanto os pacientes priorizam a segurança. Para Garcia, cinco razões explicam a massificação da estética médica.

A primeira razão é econômica. Ele afirma que, na última década, houve uma certa melhora dos indicadores econômicos da população brasileira, que pode ter acesso a um serviço que até pouco tempo era restrito às classes A e B. Ele também cita o aumento do número de cirurgiões plásticos, o que fez com que os preços se estabilizassem e até mesmo reduzissem. Alguns especialistas chegam a oferecer parcelamentos em mais de 10 vezes.

Em todo o Estado, há 197 cirurgiões plásticos registrados no Cremego. Se comparado às demais especialidades cirúrgicas, o número só fica atrás da cirurgia-geral, líder absoluta com 739 especialistas (veja quadro).

O segundo motivo, segundo Garcia, é a característica da própria cultura brasileiro. “O provo brasileiro é extrovertido, gosta de sol, água, clube, praia. É um povo alegre, para fora, pois não tem vergonha de se expor”, diz.

Contribui, em terceiro lugar, para a massificação das plásticas, a excessiva valorização da parte física e material atualmente, na cultura ocidental em geral. A valorização do corpo, para o especialista, é positiva. “O cuidado com a parte anatômica é bom, é agradável. A atração pela simetria morfologicamente agradável é natural do ser humano.”

Questionado se essa busca pelo corpo medicalizado se trata de uma imposição cultural, Garcia rebateu: “O que é artificial é querer levar ao pé da letra esse discurso de que se trata de uma imposição midiática. Dizer que essa é a cirurgia das vaidades é uma coisa cruel e irreal com essa especialidade que faz tão bem para as pessoas”.

Como quarto fator, o especialista aponta o fato de a cirurgia plástica ter entrado para o arsenal de beleza, para o “guarda-roupas” da mulher. Segundo o médico, as pacientes hoje programam fazer intervenções estéticas assim como programam fazer uma viagem ou comprar um carro.

O quinto fator, e um dos mais importantes na avaliação do especialista, é a busca incessante da segurança por parte dos profissionais. “Hoje a cirurgia plástica no nosso país está em um nível bastante confiável, sendo a especialidade brasileira com maior reconhecimento internacional.”

 

Maioria expressiva de mulheres

 

Mais de 87% dos pacientes de cirurgia plástica no Brasil são mulheres, de acordo com o levantamento da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (Isaps). Pela experiência que acumulou tanto em consultório particular quanto em hospitais públicos, o médico Luiz Humberto Garcia, que também é regente do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (UFG), identificou o perfil das mulheres que procuram as intervenções estéticas em três faixas de idade: a fase Bárbie, a fase loba e fase avó.

Na fase Bárbie estão as jovens de idade entre 18 e 25 anos que vãos aos consultórios para ter o chamado corpo de boneca. Elas geralmente fazem lipoaspiração e cirurgia de prótese de mama.

Na fase loba estão as pacientes entre 35 e 45 anos que já tiveram filhos. Após definir a prole, elas buscam ajuda médica para fazer correções nas deformidades sofridas pelo corpo.

A terceira fase, a da avó, é a da mulher com mais de 55 anos, que querem minimizar os efeitos do tempo sobre a beleza feminina. Segundo o especialista, essas mulheres procuram geralmente por cirurgias na face, como a blefaroplastia (cirurgia nas pálpebras), e braços.

Garcia admite que há casos patológicos, de busca exacerbada pelo corpo ideal. “Mas cabe ao cirurgião, como médico que é, avaliar se o paciente não está passando por alguma crise ou neurose, interpretar se o anseio condiz com a necessidade.” No entanto, destaca que a maioria das mulheres que buscam os consultórios são equilibradas.

 

Médico vê fenômeno como ‘preocupante’

 

O título de o Brasil ser campeão mundial em número de cirurgias plásticas é visto com ressalvas pelo médico Elias Rassi, professor do departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Goiás (UFG). “Enquanto fenômeno, acho assustador esse volume de pessoas na sociedade insatisfeitas com o próprio corpo”, afirmou.

O médico explica que considera esse movimento uma forma de baixa identidade cultural do brasileiro, pois os padrões de beleza são passageiros. No entanto ele ressalta que essa é a análise do fenômeno e não do indivíduo. “Cada caso é um caso e é lógico que as pessoas podem se sentir mais felizes ao mudar alguma característica que a incomoda”, afirma.

Chama a atenção, segundo Rassi, o fato de países desenvolvidos, onde as pessoas têm um maior poder aquisitivo, não ter um volume tão grande de gente realizando intervenções cirúrgicas estéticas e reafirma.

Rassi liga o crescimento do mercado da cirurgia plástica a fatores industriais. Ele cita uma corrente de pensadores que afirma que, nessa “cultura do corpo”, cada vez mais influente até mesmo na economia da nossa sociedade, os médicos estão se tornando apenas uma fração entre os inúmeros protagonistas da indústria da saúde.

“Os médicos são indispensáveis à saúde do corpo, mas se transformaram em uma peça desse movimento industrial”, diz Elias Rassi.

 

Lipo é o tipo mais procurado

 

Em Goiás, a lipoapiração é campeão dos procedimentos de cirurgia plástica. Seguido de perto pelo implante de prótese na mama. A afirmação é do médico Luiz Humberto Garcia, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – regional Goiás e Cremego. “Não temos esses dados fechados, mas quase toda paciente que chega ao consultório, mesmo quando faz uma abdominoplastia, por exemplo, acaba fazendo uma lipo nas costas, na cintura ou nos braços”, explica.

Mas a empresária de estética médica Jéssica Rodrigues dá um aviso às interessadas: no caso de lipoaspiração, lipoescultura (que tira a gordura de um lugar para colocar em outro) e abdominoplastia, a plástica é apenas 50%. “O resultado é maravilhoso, mas se não cuidar, perde tudo”, afirma. Os outros 50% são os cuidados no pós-operatório, aliados a uma alimentação saudável e balanceada, assim como a prática de atividade física. (03/08/14)

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