Médicos e demais profissionais paliativistas debateram avanços, casos clínicos e desafios que persistem na área
Os desafios éticos e clínicos para promover um cuidado centrado no paciente foram abordados no I Fórum de Cuidados Paliativos, realizado pelo Cremego, na manhã do sábado (14).
“Esse encontro se tornou possível graças ao empenho coletivo e a importância dos cuidados paliativos em nossa prática para uma assistência mais humana e equitativa”, afirmou o conselheiro e médico geriatra Ricardo Borges da Silva (CRM/GO 9377 | Geriatra – RQE 7085), um dos coordenadores do evento.
O Fórum teve início com o debate sobre a relação entre bioética e cuidados paliativos, com a apresentação da médica paliativista Úrsula Guirro (CRM/PR 25634 | Anestesiologia – RQE 513 | Medicina Paliativa – RQE 27591).
Ela mostrou como as condutas devem ser permeadas por conhecimento técnico e profissionalismo, não apenas por romantismo. Para isso, é preciso educar a sociedade e os profissionais da medicina sobre o que são os cuidados paliativos, assim como desenvolver políticas em saúde.
A comunicação eficaz e empática com os pacientes e familiares, também é essencial para evitar crenças errôneas e até mesmo futuras denúncias inadequadas aos Conselhos de Medicina, como apresentou a especialista, que é ex-membro da Câmara Técnica de Cuidados Paliativos do Conselho Federal de Medicina (CFM). “Precisamos de alinhamento, pois nem todo mundo pode entender o que estamos falando e aceitar o fim de vida”.
Os participantes também tiveram a oportunidade de conhecer e conferir debates sobre casos clínicos. A médica paliativista Amanda Vitoy (CRM/GO 22900 | Medicina Paliativa – RQE 14935) esclareceu sobre o testamento vital e diretivas antecipadas de vontade.
Durante a discussão, a médica de família e comunidade, Belise Vieira (CRM/GO 16577 | Medicina de Família e Comunidade – RQE 10898) ressaltou a necessidade de pesquisar e colocar em prática os guidelines (diretrizes). “Precisamos nos apropriar mais de ferramentas técnicas, que irão nos ajudar a respeito de procedimentos fúteis e escalas de dor, por exemplo. Isso nos trará mais segurança em medidas que não irão contra nós, profissionais, em possíveis vias jurídicas”.
A conselheira do Cremego e médica geriatra Loiane Victoy (CRM/GO 11647 | Geriatria – RQE 7198) lembrou ainda sobre como condutas desnecessárias geram custos financeiros e também emocionais.
“Quando há muito a ser feito, também devemos ter o olhar do paliativista para entender o que não precisa ser feito. Os cuidados paliativos são condutas e conhecimentos técnicos específicos. Nem todos precisam saber sobre essas ações, mas precisam entender quando procurar o especialista”, afirmou.
O que esperar para o futuro?
Uma plenária finalizou o I Fórum de Cuidados Paliativos, com o debate sobre o futuro da área. A enfermeira e superintendente de Políticas e Atenção à Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), Amanda Limongi, esclareceu sobre a implantação da Política Nacional de Cuidados Paliativos do Ministério da Saúde.
“É importante ver que as equipes de cuidados paliativos do país conseguiram se organizar para formular essa Política. Ter essa publicação é algo de grande ganho e, como Estado, nos dá embasamento para futuras ações”, afirmou.
Membro da Câmara Técnica de Cuidados Paliativos do CFM, a médica intensivista Cacilda Pedrosa (CRM/GO 7081 | Medicina Intensiva – RQE 2126 | Gastroenterologia – RQE 1981) aproveitou para fazer uma breve retomada histórica, como a divulgação, na década de 2000, da Resolução CFM nº 1.805/2006, que aborda a ortotanásia e gerou diversos debates no país.
“Temos caminhado muito, vemos o crescimento da cultura dos cuidados paliativos e sabemos que todos aqui são multiplicadores (dos cuidados). Isso é possível porque estamos neste ‘trabalho de formiguinha’ para que haja o entendimento da relevância de cuidar de pessoas que não são eternas”, declarou.