A criação de um comitê gestor para avaliar detalhadamente os problemas que afetam o Hospital de Urgência de Goiânia (Hugo) e apresentar, no máximo em três semanas, um plano de ação para sanar essas deficiência e assegurar o pleno funcionamento da unidade. Foi o que o presidente do Cremego, Salomão Rodrigues Filho, sugeriu ao secretário Estadual da Saúde, Hélio de Sousa, na Plenária Temática “Desafios Éticos na Atuação do Médico nas Instituições Públicas de Saúde de Goiás – Hugo: Problemas e Soluções”, promovida ontem (20) pelo Conselho. De acordo com o presidente do Cremego, o comitê deve propor as ações, definir o cronograma para a execução de cada uma delas e acompanhar a implantação das medidas propostas. “O Cremego está à disposição da Secretaria para participar desse comitê”, disse Salomão Rodrigues Filho, que abriu a reunião apontando os principais problemas do hospital. Superlotação Ele observou que desde que foi inaugurado, no início dos anos 90, o Hugo vem acumulando problemas, que vêm se agravando com o passar dos anos. O presidente citou a superlotação, diretamente associada à demanda indevida e à falta de unidades de urgência no interior do Estado; o sucateamento dos equipamentos; a escassez de materiais e medicamentos; a precariedade da estrutura física, que aumenta os riscos de infecções entre os pacientes; e a sobrecarga de trabalho, má remuneração e desmotivação dos médicos e outros profissionais de saúde. As soluções, segundo o presidente do Cremego, passam por mais investimentos no hospital, pela reforma da unidade e pela modificação do modelo de gestão do Hugo para dar mais agilidade aos processos de compras, por exemplo. Ele também alegou ser fundamental para sanar as deficiências do Hugo a redução da demanda na unidade. Para tanto, sugere a regulação – com o encaminhamento ao hospital apenas dos casos de urgência – e parcerias com outras unidades públicas e privadas de saúde para a internação de pacientes atendidos pelo Hugo. Piso Salarial “É preciso também completar as equipes médicas e criar um plano de carreira para os médicos, tendo como base o piso de 7,5 mil reais proposto pelas entidades médicas”, disse. Médicos, representantes da categoria, diretores do Hugo, o secretário Hélio de Sousa e o secretário Municipal de Saúde de Goiânia, Paulo Rassi, que participaram da plenária, concordaram com as observações do presidente. “Ele resumiu os problemas do hospital”, disse Wildebranham Ferreira Bastos, presidente da Comissão de Ética Médica do Hugo. O presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás (Simego), Leonardo Mariano Reis, destacou a necessidade de criação do Plano de Carreira Cargos e Salários (PCCS) específico para os médicos. Robson Azevedo, presidente da Associação dos Hospitais do Estado de Goiás (Aheg), ressaltou que a rede hospitalar privada está deixando de oferecer leitos ao SUS, o que dificulta o encaminhamento de pacientes do Hugo e contribui para a superlotação do hospital, devido à defasagem dos valores pagos. Ele citou que o SUS paga menos de 400 reais por uma diária de UTI, o que não cobre nem os medicamentos usados. “A solução seria a complementação dos valores pagos aos hospitais privados, que, assim, poderiam aumentar a oferta de leitos”, disse. Regulação Paulo Rassi criticou a precariedade do Hugo, mas ressaltou ser o hospital extremamente importante para o sistema de saúde em Goiás. Uma das soluções para evitar a sobrecarga do Hugo, segundo ele, seria o Estado investir em unidades de saúde no interior, principalmente, em municípios vizinhos. Afirmando ser o Hugo “um patrimônio dos goianos”, Hélio de Sousa garantiu que não faltarão recursos para o hospital, inclusive para a reforma – prevista no conjunto de obras na área da saúde autorizado pelo Governo e orçado em 143 milhões de reais. “Resolver os problemas do Hugo é uma questão de honra”,assegurou o secretário, que também ressaltou a necessidade de regulação do hospital. “Vou cobrar da diretoria essa regulação”, declarou. A plenária contou com as presenças de conselheiros e diretores do Conselho, médicos do Hugo e de outras unidades de saúde, o diretor-geral do hospital, Luciano Leão, o diretor-técnico, Sebastião Abreu, e ex-diretores da unidade. Convidado pelo Cremego, o coordenador do Centro de Apoio Operacional ao Cidadão do Ministério Público Estadual, Marcelo Celestino, não compareceu.
Cremego sugere soluções para sanar os problemas do Hospital de Urgências de Goiânia
21/11/2008 | 02:00