A Frente Parlamentar de Saúde também se posiciona contra a proposta do governo Na opinião de Darcisio Perondi, da Frente Parlamentar de Saúde (FPS), “não se pode privilegiar os estudantes brasileiros em Cuba”. Perondi concorda que os estudantes brasileiros que se formarem na Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM), em Havana passem por um processo rigoroso de revalidação de diploma, inclusive com a realização de provas práticas e orais. Porém ele questiona, porque só os de Cuba devem passar por este processo, visto que os estudantes brasileiros em outros países também não são diferentes. Para ele, os currículos acadêmicos de outros países não abordam diversas doenças que existem aqui no Brasil, daí a necessidade de que esses alunos passem por um período de complementação numa universidade brasileira. No total, 143 brasileiros já se formaram na ELAM, em Havana, e aguardam a revalidação do diploma aqui no Brasil. Outros 600 brasileiros devem se formar ainda este ano. Saiba mais sobre o assunto… Carta da AMB Para a AMB, é fundamental alertar a sociedade sobre os perigos da “importação” de médicos “Jornais de todo o país abriram espaço esses dias para a notícia de que o governo federal prepara um pacote de facilidades para a validação de diplomas de médicos brasileiros formados em Cuba. A idéia seria aprovar no Congresso alguns privilégios inadmissíveis, como a possibilidade daqueles que já concluíram o curso complementarem o currículo em alguma universidade pública, para depois se submeter a uma prova de validação. A burla explícita ao processo de educação médica brasileira já começa com a possibilidade desses formandos concluírem o curso numa universidade pública sem vestibular e custeados pelos cofres públicos. Outra questão grave é que, dessa forma, o governo simplesmente acaba com a coerência do processo de revalidação. Para que um diploma seja validado, a premissa é que exista compatibilidade curricular. Sem a equivalência, não se pode pedir a revalidação, muito menos se submeter à prova. Se as disciplinas são diferentes, na verdade, o médico, seja formado no país A ou B, simplesmente não possui capacitação e aptidão para atender aos cidadãos brasileiros respeitando as peculiaridades do sistema de saúde. Entre uma série de propostas ilógicas, o governo federal também estaria acenando com a celebração de um acordo para enviar a Cuba professores que ministrariam disciplinas como doenças tropicais e funcionamento do Sistema Único de Saúde especialmente para os estudantes brasileiros. A idéia, teoricamente, seria a de complementar o currículo. A partir daí todos teriam o diploma revalidado automaticamente em nosso país. Trata-se de mais um grande absurdo e de outra incongruência. Aliás, o problema do ensino médico de Cuba não é a falta de uma disciplina ou outra. Na verdade, tem nível e foco diferentes do ensino do Brasil. Faz tempo o governo federal busca, por intermédio de subterfúgios, caminhos ilegítimos para validar diplomas de alunos de medicina brasileiros formados em Cuba. Portanto, é fundamental alertar a sociedade sobre os perigos da “importação” de médicos sem que se submetam ao obrigatório processo de revalidação do diploma. É indispensável, vale frisar novamente, a comprovação de que o médico está apto a responder às necessidades do sistema de saúde do Brasil. E isso vale para os médicos cubanos, bolivianos, americanos, europeus, enfim para todos. Inclusive, como é o caso, para os brasileiros que se formam fora. Um só precedente, a quem quer que seja, é iminente risco aos cidadãos, já que abre a possibilidade de colocar no atendimento à saúde alguém não qualificado. Recentemente, o Encontro Nacional das Entidades Médicas fechou uma posição sobre essa questão. Entendemos que os médicos brasileiros e estrangeiros devem se adequar à legislação vigente. Para os formados no exterior, impõe-se a revalidação do diploma em moldes uniformes, definidos por comissão bipartite, governo e entidades médicas, realizada sob supervisão do Ministério da Educação em universidades públicas. Os médicos brasileiros repudiam todo e qualquer acordo que fira a legislação e privilegie profissionais formados em qualquer país. Por fim, diferentemente do que dizem as autoridades constituídas, trazer médicos de fora não é solução para o problema da falta de assistência em áreas remotas. Pois os mesmos também terão dificuldade de assumir tal missão já que o governo não cumpre seu papel, que seria o de criar condições para atrair os profissionais e garantir sua fixação nessas regiões. Atualmente, não existe um plano de carreira, não existe a possibilidade de o médico manter-se atualizado cientificamente, não existem recursos para o adequado atendimento, entre outras deficiências. São falhas graves de um sistema que tendem a se agravar ainda mais enquanto o governo não assumir suas responsabilidades e abdicar de pacotes absurdos e perigosos”. (Fonte:Saúde Business Web)
“Diplomas médicos cubanos não podem ser privilegiados”
21/01/2008 | 02:00